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Também tinha coisas para fazer

mas alguém tem que manter isto aberto

de Catarina Pé-Curto, Joana Sabala e Rui Aires

Disponível para itinerância

Num espectáculo que junta teatro, música ao vivo e cinema de animação, três eleitores anónimos conhecem-se inesperadamente quando são convocados (pela primeira vez na sua vida de cidadãos) para manter aberta uma mesa de voto em dia de eleições.

Estreia em novembro de 2023

Auditório Fernando Lopes Graça, Almada

Direcção Artística e Dramaturgia: Catarina Pé-Curto (Artista Visual), Joana Sabala (Actriz e Encenadora) e Rui Aires (Músico)

Interpretação: Joana Sabala, Rui Aires e Ricardo Brito

Criação Visual: (Vídeos, Ilustrações e Figurinos) Catarina Pé-Curto

Direcção Musical: Rui Aires

Músicos: Rui Aires e Ricardo Brito

Desenho e Operação de Luz: Pedro Machado

Apoio Artístico: Francis Seleck e Sarah Adamopoulos

Comunicação e Produção Executiva: Ana Rita Ferreira e Alexandra Pereira

Produção: Teatro de Areia / Associação Cultural O Mundo do Espectáculo

Duração: 60 minutos

Classificação Etária: M/12

Apoio: Câmara Municipal de Almada

Agradecimentos: Ana Rita Ferreira, Helder Silva, João Cleto, João Monteiro, Cátia Almeida, Nuno Pereira, Beatriz Mendes, Ana Sabala, Afonso Pinto, Bruno Mendes, Maria Inês Brás, Madalena Raimundo, Francisco Campos, Matias Campos, João Monge, Ana Pato, Equipa do Museu de Almada.

Sinopse

A democracia é um prato sofisticado e difícil de apurar. Na verdade nunca chega a estar pronto, porque constantemente necessita de novos ingredientes, e sendo feito por muitos cozinheiros ora lhe foge o gosto para o salgado, ora para o doce e por vezes mesmo as receitas mais contemporâneas se tornam banais para os dilemas sempre novos que inevitavelmente acompanham esta tão desejada iguaria. Neste espectáculo não haverá cozinheiros, e a mesa estará posta, mas para um acto eleitoral. Por que razão se toca, canta e sonha em torno desta mesa, onde é servida a democracia em dia de referendo? Por que razão quisemos mostrar com que sonha um boletim de voto? Porque é tão fácil esturrar uma iguaria quando está quase apuradinha? Porque é que, passados 50 anos, há ainda tanto para perguntar?

Notas sobre o espectáculo

Esta criação coletiva, assinada por uma encenadora e actriz, uma artista multimédia e um músico, explora em palco o cruzamento entre teatro, música ao vivo, cinema de animação e vídeo. O espectáculo trabalha um tema frequentemente remetido para o campo da História e da Memória - o da transição para a democracia em Portugal - interpelando públicos de diversas gerações e referentes políticos e culturais através desta multiplicidade de meios e linguagens artísticas. Em plena comemoração de uma sequência de cinquentenários que evocam datas decisivas entre a Revolução de 25 de Abril de 1974 e as primeiras eleições democráticas daí resultantes, reunimos três personagens em torno de uma mesa eleitoral nos dias de hoje, representando cidadãos anónimos convocados pelo sistema (entidade abstrata na qual recai o exercício do poder) para a difícil tarefa de contribuir para a diminuição da abstenção, através do seu desempenho pró-activo e multifacetado na angariação de votantes – a simples ideia de “angariação” sendo por si só reveladora do estado da arte em matéria de mobilização para o dever cívico do voto. Pretende-se satirizar o modo como a sobre-simplificação do sistema vai anulando o espaço de intervenção dos cidadãos, através de processos de facilitação impregnados de um paternalismo simpático e trendy, que oculta uma prática política centralizadora e prepotente, na qual a cidadania não tem verdadeira relevância. Neste novo modelo de participação cívica, escolhem-se temas prioritários em lugar de candidatos ou de programas políticos. É nesses temas que os cidadãos votam (ao longo do próprio espectáculo os espectadores-cidadãos são convocados para votar). Uma Comissão para o Simplex Eleitoral proporciona experiências de votação holísticas e imersivas, numa paródia a um sistema eleitoral cuja falta de participação se tornou um dos problemas mais graves e centrais da democracia. Em consequência, será preciso revalorizar o acto de votar, bem como o voto individual de cada cidadão, buscando activamente por novos modos de incrementar a participação dos eleitores. Três cidadãos são reunidos ao acaso como membros de uma mesa eleitoral em dia de eleições. Há um novo modelo eleitoral a implementar e recebem como missão a de angariar votantes. O que se seguirá é de grande realismo e comicidade. Os músicos Rui Aires e Ricardo Brito interpretam ao vivo canções de José Mário Branco cujas letras participam na narrativa de cena, ao mesmo tempo que conferem uma dimensão poética ao espectáculo. Por contraste, os temas originais criados para o espectáculo interpelam o público de forma directa e humorística, percorrendo diferentes registos musicais. A vertente multimédia proporciona uma componente onírica e evocativa em torno do acto eleitoral, ilustrando as aspirações por detrás dos votos, o voto como raiz do sonho e o potencial criador do voto. Também tinha coisas para fazer mas alguém tem de manter isto aberto é uma reflexão sobre a democracia e a participação cidadã nos dias de hoje em Portugal. 50 anos passados sobre as datas fundamentais do estabelecimento da democracia em Portugal, num momento em que nos encontramos num potencial e perigoso ponto de inflexão, o espectáculo convoca-nos humoristicamente para reflectir, questionar e dar um novo impulso ao projecto de sociedade então estabelecido. O espectáculo pode também ser apresentado para grupos de estudantes do 3º ciclo e ensino secundário, articulando-se com conteúdos curriculares nas áreas da Filosofia, Cidadania, Artes Visuais, História, Multimédia e Música. A utilização de linguagens artísticas diversas e componentes humorísticas permitem a aproximação a públicos diferenciados e podem motivar o debate em torno da situação teatralizada.

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